26.3.10

E eis que novas núvens aparecem mais rápido quando não esperamos por elas. Já estou com mochila nas costas, tênis de escalada e chocolate no bolso - pra cobrir qualquer desânimo. "A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida", já observou, bem antes de mim, Vinicius de Moraes. Eu concordo e recomeço - um recomeço que já se deu tantas vezes antes. A graça está nas singularidas de cada volta e na vontade incontrolável de voltar - sempre e tanto.

2.3.10

Então, tá! Nós já deveríamos saber acordar. E se não o sabemos, somos nossos únicos culpados pelo susto de abrir os olhos. É que por algumas léguas - pequenas léguas - pensei que fosse o sonho a parte macia da áspera realidade. Pobres e ingênuos mortais somos nós: persistimos nos erros e colhemos as esperanças que, todas as manhãs, regamos com o que nos resta de humor.
Eu voltei, assim, a ter os olhos abertos. E de tão pequenas as léguas, me custa acreditar que deixei que eles se fechassem. Ingênuos mortais somos nós que embarcamos em núvens sem passagem de volta ou certificado de garantia.
Então, tá! No fundo, nós sempre sabemos aonde a núvem nos leva. E, no fim, a gente fica com uma falsa - ainda que resignada - certeza de que aprendemos, de uma vez, a manter os olhos abertos (até que outra núven venha e nos convença, às vezes sem muitas palavras, a mais uma viagem).